quarta-feira, 4 de abril de 2018

MEMÓRIAS...e outras coisas...: 160 anos na linha

Um bom artigo de sintese. Mas é importante dizer que neste momento temos capitais distritais sem comboio. Nao é só Viseu ou Bragança como normalmente se fala. É necessario referir que Vila Real - capital do distrito de Vila Real e cidade com dinamica crescente, e talvez até superior a Bragança - também não tem comboio actualmente, e já teve uma belissima linha ferroviaria a passar por lá fazendo uma ligacao logica e tao necessaria entre a cidade da Regua (centro do Douro) e a cidade de Chaves no Alto Tamega, o noroeste de Tras-os-Montes. Falamos da Linha do Corgo, a qual que ao inves de ter sido descativada tal como outras, deveria isso sim ter sido corrigida no traçado, modernizada e fazendo uma exploracao conciliada de serviços ferroviarios regionais (pessoas e até mercadorias) com exploracao ferroviaria turistica.



Enfim, Vila Real tambem nao tem comboio meus senhores, é importante que fique claro e se lenca o discuso em sua defesa.

sábado, 3 de janeiro de 2009

O castro de Lezenho

Localização e Acessos

O castro de Lezenho é o principal (e emblemático) castro das imediações da freguesia de Canedo. Fica situado no cimo do pico de Lezenho, com cerca de 1100 metros de altitude, na linha de serras da vertente Oeste-Noroeste de Canedo. De entre as varias serranias envolventes da região, destaca-se a Serra do Barroso que desce para Sudeste até ao vale do Tâmega, através de uma série de altiplanaltos (por alguns designada por "Terras Altas"...), pontuados por relevos residuais. O Castro do Lesenho (já na adjacente freguesia de Covas do Barroso) ocupa a parte superior do relevo residual granítico sobranceiro ao Corgo dos Lamais, afluente do rio Beça, por sua vez um dos principais afluentes de montanha do Tâmega. Do alto do Lesenho temos uma visão excelente e abrangente sobre os maciços montanhosos circundantes, incluindo a Serra de Leiranco (Norte-Nordeste), o Larouco a Norte, o Geres a Peneda e as Alturas a Norte-Noroeste e o Marão e o Alvão a Sul identificando-se entre estas duas o Alto da Srª da Graça (ou Monte Farinha....).

O Lezenho fica a 16 Km de Boticas. Saindo de Boticas deve tomar–se a EN 311, em direcção a Salto. Passados 9’1 km (14 minutos), deve cortar–se à esquerda na direcção de Campos. Ao fim de 1’7 km (2 minutos), corta–se novamente à esquerda, entrando no caminho de terra batida (um estradão) que conduz ao outeiro. Atinge–se o topo do monte passados 4’2 km (cerca de 12 minutos). O local também é acessível, a veículos ligeiros e encontra–se sinalizado na EN 311.

O Castro do Lezenho é um monte cónico e pedregoso, nos ultimos 70 metros da serra, sendo algumas das suas vertentes bastante escarpadas e de acesso dificil. O castro tem três linhas de muralhas, sendo a cimeira a melhor definida pelos alinhamentos de pedras em montão caótico, a entestar em penedos . A segunda e terceira muralhas na sua maior parte destruidas são também assinaladas pelas fiadas de montões de pedras. A maior parte das muralhas têm dois metros de largura. Além da porta aberta na muralha fundeira, que pode considerar-se a entrada principal, há mais duas portas. Uma no topo norte da terceira muralha, a outra no lado poente da primeira muralha. O castro do Lezenho notabiliza-se pelo facto de nele se terem encontrado talvez no século XVIII duas estátuas de Guerreiros Calaicos.

Monólito esculpido, representando uma figura de guerreiro, em posição hierática. Apresenta-se vestido com "sagum", com decote em "V" e manga curta, cingido por um cinturão, com 4 nervuras paralelas. A cabeça é proporcionada, exibindo um cabelo curto que deixa livres as orelhas, barba e bigode. Ostenta todos os seus atributos, quer bélicos: como um pequeno escudo ("caetra") redondo e plano, com umbo, decorado com motivos de tipo "labirinto", presa na mão esquerda com correias cruzadas no antebraço, e na mão direita, empunha um punhal triangular curto, com pomo discoidal, introduzido numa bainha com conto de perfil circular e linhas transversais de possíveis travessas; quer honoríficos (insígnias de poder), ostentando no pescoço um "torque" com aro aberto e em cada braço uma bracelete ("viriae") de três toros (Segundo Armando Coelho, op.cit).

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Localização

Canedo é uma freguesia do Concelho de Ribeira de Pena, na região do Noroeste de Tras-Os-Montes. Localiza-se no vale do Rio Beça - rio de montanha que nasce na serra do Barroso e estende-se até ao Tâmega - entre os pico de Lesenho a Norte, a serra de Santa Comba a Nascente, e o Alto do Pinheiro a Poente. A freguesia de Canedo tem uma área de 39,46 quilómetros quadrados é formada pelos lugares de Alijó, Canedo, Penalonga e Seirós e tem como freguesias limítrofes Vilar de Porro, Viveiro, Santa Marinha, Fiães do Tâmega, Curros, Covas do Barroso, Codeçoso e Parada de Monteiros. É a freguesia mais afastada da sede do concelho e da da qual dista cerca de 25 quilómetros e tem a influencia fisica e cultural das duas importantes regiões de montanha adajacentes: a região do Alto-Tamega e a região do Barroso.

As quatro aldeias de Canedo distribuem-se ao longo do vale e das encostas onde se encaixa o rio Beça. É um vale relativamente comprido, muito verdejante e cheio de água alimentado quer pelo rio Beça quer por diversas nascentes de montanha, pelo que as suas populações aproveitam-no completamente nas actividades da agricultura e pastorícia. As manchas florestais são outra importante caracteristica desta região onde abundam extensos bosques de pinheiro bravo (iberico), bem como os bosques de carvalho, entre muitas outras especies de arvores aqui caracteristicas (castanheiros, nogueiras, aveleiras, cedros, etc)


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O povoamento do território que actualmente constitui a freguesia iniciou-se bem cedo, quer pelos vestigios da idade do bronze que pelas diversas ruinas de povoações castrejas fortificadas (da idade do ferro) onde viviam tribos celta-ibericas, no periodo pré-romano, acerca de 2500 anos (seculo VI AC - seculo I DC). A este respeito, deve-se fazer especial referencia ao castro de Lezenho situado a grande altitude no cimo da serra de Lezenho (cerca de 1100 metros), perto de Penalonga e no qual foram descobertas nos finais do seculo XIX duas estatuas de guerreiros celtas, das 3 unicas estatuas encontradas em territorio portugues. Além disso, existem indicios de que muito provavelmente Canedo foi local de uma vila romana.


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domingo, 28 de dezembro de 2008


Porquê este Blog ?

A minha descoberta de Canedo, no concelho de Ribeira de Pena começou há mais de 40 anos quando nos primeiros anos da minha infancia deslocava-me nas ferias de verão a esta bonita aldeia trasmontana. Era o momento em que nós - os de Lisboa - nos reuniamos com a restante familia da aldeia - a familia do lado da minha mãe -, matando saudades de sentimentos, cheiros e sabores. Assim foi, quando no ano de 1963 pisei pela primeira vez a terra a lama e a palha caidas no chão das calçadas romanas desta pitoresca aldeia de granito. A partir desse ano, Canedo era o destino quase inevitável das ferias de verão em familia, e que se foram repetindo com alguma frequencia ao longo da adolescência. Recentemente, as contrariedades da vida, os encontros e desencontros e a partida de alguns dos mais velhos tem-me deixado um pouco afastado deste lindo e imenso territorio português de pura montanha.

A partida de Lisboa para Canedo era um momento de intensa excitação: numa altura em que no nosso Portugal só tinha carro quem era rico, viajava-se normalmente de comboio, quando a nossa rede ferroviária era bem mais extensa que a actual e os serviços regionais (embora algo obsoletos) tentavam cumprir a função social dos CFs. E era deste modo que tinhamos pela frente uma longa e apaixonante viagem de comboio que durava quase 12 horas: primeiro no "Rápido" de Lisboa ao Porto, a seguir apanhando o comboio da linha do Douro para a Régua, e finalmente iniciando a bela e excitante linha do Corgo entre a Regua e a cidade de Chaves num ultimo percurso de 100 Km. No ramal do Corgo ainda tive a sorte de ter feito muitas viagens nos comboios a vapor que aí circulavam, traccionados pelas belas loco Mallet da Henchel alemã das series 1-B-C e E200 e as carruagens ainda dos principios do seculo XX !....

Embora lentas e cansativas, estas viagens eram completamente apaixonantes, eram autenticos momentos de aventura com a adrenalina sempre no maximo e onde se aprendia a conhecer e a saborear o territorio Nortenho !....


Os anos em que tive mais actividade na descoberta desta região foram entre 1973 e 1993. Devo-o especialmente ao meu pai, tio Manuel, primo Zé, amigo Januário e David (sem esquecer outras pessoas de familia), com quem percorri estradas, caminhos, veredas e escarpas de montanha, onde calcorreei lameiros e subi encostas. E com quem bebi belos copos de verde-morangueiro acompanhados de estupendas lascas de presunto e fatias de salpicão. Á minha mãe, avó Gloria e tio Manuel, devo-lhes algumas descrições da terra bem como histórias do passado. Depois disso, a familia cresceu....e com ela vieram alguns bons e saborosos momentos na companhia da Aldora e da nossa filhota Rita, em pequenas ferias de verão em que calcorreávamos Canedo e as vilas vizinhas de Ribeira de Pena, Boticas e Montalegre.

Pois é...mas entretanto os anos foram passando, e ao tropeçar em algumas fotografias, artigos e blogs da Internet, pensei em também partilhar algumas que fui coleccionando ainda dos tempos em que as maquinas fotograficas eram analogicas (e para isso conto com o apoio de um scanner....). Por esse motivo não serão talvez de tão boa qualidade como as que poderia obter hoje com uma maquina digital, além de que julgo não possuir tantas fotografias cénicas como gostaria. Embora raramente, algumas fotos colocadas no blog poderão não ser minhas, pelo que sempre que possivel farei menção do seu autor. Mas mais do que partilhar algumas fotos, senti que era preciso mais, era preciso passar alguns textos que dessem a conhecer melhor esta aldeia e a região circundante. Por isso decidi escrever um blog, como sendo talvez o meio ideal para cumprir estes objectivos, incluindo alguns topicos sobre a historia e proto-historia deste territorio, tema que me é muito querido e para o qual esta região tem notável riqueza de vestígios. Ficam também neste blog algumas ideias, recordações de alguns acontecimentos, de locais, de amigos e familiares.